top of page

Essência Não É O Que Vem de Fábrica

  • Foto do escritor: Mirella Matos
    Mirella Matos
  • 20 de fev.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de abr.


Outro dia, conversando com uma psicóloga, ela me contou sobre um debate entre seus colegas: para muitos, respeitar a própria essência significava aceitar-se exatamente como se é, sem intervenções — até mesmo assumindo os cabelos brancos, sem tintura. Mas, apesar de estar cercada por essa ideia, ela mesma confessou que ainda não se sentia pronta para esse passo.

Foi quando perguntei: e se essência não for simplesmente aceitar o que veio de fábrica?


Se ela, no íntimo, não se sentia confortável com aquela mudança, será que sua essência estava realmente atrelada a uma aparência original e intocável?



Acredito que respeitar a essência vai além de manter-se fiel ao que é natural. É sobre se enxergar com verdade e expressar, por meio da imagem, aquilo que faz sentido para quem somos e para a fase da vida em que estamos. É alinhar o exterior com o que pulsa dentro, não por imposição, mas por escolha consciente.


E aqui vem uma provocação: o que é mais autêntico? Manter uma aparência fixa, mesmo quando ela já não te representa, ou permitir-se ajustes que refletem a sua verdade hoje?


Claro, mudanças radicais podem nos desconectar da identidade. Não se trata de apagar traços essenciais, mas de lapidar, de cuidar do jardim que nos foi dado.


Eu, por exemplo, tenho cabelos cacheados, mas não me reconheço com cachos. Isso significa que sou ingrata por não aceitá-los? Não. Talvez um dia eu mude de ideia, mas, se isso acontecer, não será porque o ambiente ou um discurso externo me empurrou para isso. Será porque, naquele momento, algo dentro de mim pediu essa mudança.


E essa, para mim, é a verdadeira essência: ser quem se é com liberdade, sem se prender a um padrão imutável — seja ele o natural ou o transformado.

Kommentare


bottom of page