A ilusão do barato e o peso do excesso
- Mirella Matos

- 20 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de abr.
Por que não indico Shein e afins para as minhas clientes.
Ela abriu o site e lá estavam elas: milhares de opções, preços convidativos, promessas de estilo a um clique de distância. Blusas por menos de trinta reais, vestidos que pareciam elegantes nas fotos, tendências traduzidas em tecidos sintéticos e cortes rápidos. Comprar ali era fácil, quase instintivo.
Durante nosso atendimento, quando sugeri uma nova abordagem para o guarda-roupa, minha cliente mencionou a Shein como uma solução prática e econômica. “Mas por que gastar mais, se posso comprar várias peças por menos?”
Foi então que conversamos sobre o verdadeiro custo desse “barato”.
Porque não se trata apenas do preço na etiqueta. A cada compra impulsiva, algo maior está sendo alimentado: a ideia de que precisamos de mais, sempre mais. A falsa sensação de preenchimento, de resolver um desejo imediato. Mas e depois?
O que parecia uma escolha inteligente se transforma em ressaca moral quando aquelas roupas chegam. O tecido não é tão bom, o caimento não valoriza, a peça não combina com nada. O encanto dura pouco. E lá está ela, acumulando mais um item no guarda-roupa, mais uma “caloria vazia” — aquela roupa que ocupa espaço, mas não nutre seu estilo, sua essência, nem a sua autoestima.
A moda rápida sobrevive da nossa impulsividade. Do prazer momentâneo da compra, da sensação de “estar na moda” sem realmente construir um estilo. Mas um guarda-roupa cheio de peças sem propósito não é sinônimo de um guarda-roupa funcional. Pelo contrário: é a origem do dilema do “não tenho nada para vestir” diante de um armário lotado.
O que eu proponho na consultoria de imagem não é apenas vestir bem, mas vestir com significado. Fazer escolhas conscientes, investir em peças que falam sobre você, e não apenas sobre modas passageiras. Roupa não deveria ser fast-food: uma solução rápida que sacia na hora, mas não alimenta de verdade.
A questão não é nunca mais comprar algo acessível, mas entender o impacto de cada peça. Você está escolhendo roupas que realmente vão te acompanhar ou só alimentando o ciclo do consumo sem propósito?
Menos impulso, mais intenção. Menos excesso, mais essência. Essa é a chave para um estilo que faz sentido — e para um guarda-roupa que trabalha a seu favor, não contra você.




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